Como passei 10 anos sem postar, vamos atualizar:
Em 2009 operei de varizes. Horrível. O ano em que fiquei velho. Aproveitem, jovens. E decidi que seria o último ano que trabalharia com moda. Assisti RuPaul Drag Race com má vontade…
Em 2010 virei...

Como passei 10 anos sem postar, vamos atualizar:

Em 2009 operei de varizes. Horrível. O ano em que fiquei velho. Aproveitem, jovens. E decidi que seria o último ano que trabalharia com moda. Assisti RuPaul Drag Race com má vontade…

Em 2010 virei professor. Aprendi mais uma vez a me reinventar. Assisti RPDR (RuPaul Drag Race) já achando que seria bacana.

Em 2011 minha mãe me expulsou da casa que construí para ela. Fui assaltado num ônibus. Aprendi de novo a me virar sozinho. Gostei muito da 3ª temporada de RPDR.

Em 2012 peguei pneumonia e foi foda. Trabalhei muito. E redescobri o que é a solidão. Parei de fumar. Abandonei a moda completamente. Nunca mais. Enlouquecidamente fã de RPDR. Go, Sharon Needles!

Em 2013 comecei a namorar um cara que eu achava que seria meu marido, afinal, 50 anos de idade, talvez ele seria mais “maduro”… Ledo engano. Ninguém LGBT+ que eu conhecia assistia RuPaul.

Em 2014 o namoro acabou. Voltei a fumar. Saí da escola em que trabalhava. Eu era super fã de RPDR, mas ainda assim, o programa não era popular.

Em 2015, o ex tentou uma reaproximação. Mas deu pra trás na última hora. Aquele aviso da Maya Angelou, “Quando as pessoas mostram quem elas são, acredite nelas na primeira vez.” Voltei a pintar. Finalmente, na 7ª temporada, RuPaul Drag Race se torna popular.

Em 2016 a crise veio com tudo. Comecei a trabalhar por conta própria com uma escola gringa. Também me apaixonei estupidamente feito adolescente por um cara de 23 anos, rs. Apesar de tudo, cada vez mais independente de tudo e de todos em geral.

Em 2017, tive a caralha da pneumonia de novo, mas sabia que remédio tomar e eliminei sem sofrência. Namorei um cara generoso que podia ser chato pra cacete. Parei de pintar.

Em 2018 eu trabalhava há dois anos com essa “minha” escola e estava bem. Já tinha terminado e voltado com aquele chato generoso. Prometi que nunca mais falaria com ele. Conheci um novo namorado, 59 anos, dessa vez poderia dar em alguma coisa. Começamos a namorar. Parei de fumar definitivamente.

2019 e deu! Eu me casei e me mudei. Assistimos RuPaul, claro! Tentando fazer meditação e terapia pra ver se a cabeça fica boa. Voltei a conversar com o chato generoso. E tive pneumonia de novo.

E saudosismo.

BLOGAYR@S

O crescimento dos blogues gays por volta de 2006 e 2009 foi muito importante para o movimento LGBT+. 

O surgimento das gírias e de uma linguagem própria e despudorada - o que contribuiu para a geração da “lacração” - até políticas afirmativas e de aceitação que também apareceram nessa época. Como o gênero neutro para amig@s ou amigues, tod*s, todxs, etc…

E autocrítica. Quando eu leio o que eu escrevia em 2008, apesar de toda essa iniciativa de que nós próprios, o povo LGBT+, deixássemos de ter preconceitos, meu pai… Como eu era machista e transfóbico, entre outras coisas! Acontece que o processo é assim. A gente vai aprendendo e evoluindo. 

A Maya Angelou falava isso, “perdoe-se por não saber o que você não sabia antes de aprender.” 

E era muito bacana a ideia de uma comunidade virtual fora de uma rede social. Cada um tinha seu blog, cada blog tinha um visual diferente, havia personalidade. Soa nostálgico, eu sei. Mas acontece que é quase impossível não ser nostálgico. A gente sente saudades daquilo que nos ajudou a nos tornar melhores. E nós aprendemos e evoluímos com os blogues gays!

Apesar que a nostalgia é escapismo da dura realidadeainda temos muito, mas muito mesmo, o que melhorar no Brasil, um lugar ainda bruto em muitos sentidos.

Um exemplo, foi no blogue do Tony Goes que eu li pela primeira vez que direitos LGBT+ eram simplesmente direitos humanos! Tão básico e tão simples e a gente ainda não havia se tocado disso… Se pessoas LGBT+ pagam seus impostos do mesmo modo que os héteros, mas não podem se casar ou adotar crianças, então eles não têm direitos igualitários. Também a cartilha com os direitos e deveres dos LGBT+, entre outras ações.

Mas a era dos blogs, do início dos anos 2000 ate 2010 sofreu um baque muito grande: a chegada dos smartphones…

Olá.
Há quanto tempo!
Tem um texto da Martha Medeiros - que eu achava o máximo em 2004 - onde ela diz que não sente saudade nenhuma dela.
Do que ela viveu na infância, experimentou na adolescência, na vida adulta, até do nascimento das filhas. Ela...

Olá.

Há quanto tempo!

Tem um texto da Martha Medeiros - que eu achava o máximo em 2004 - onde ela diz que não sente saudade nenhuma dela.

Do que ela viveu na infância, experimentou na adolescência, na vida adulta, até do nascimento das filhas. Ela não se sente nostálgica por nada.

Acho louvável e muito bacana, eu meio que penso da mesma forma.

Mas senti saudade daqui, do blog.

Saudade da pessoa que eu era quando comecei a escrever, em 2007. Disso eu nem sinto “saudade, saudade” mas fico nostálgico.

Nostálgico da crença de que tudo iria ficar bem… poizé, não ficou tudo muito bem, não.

Tem aquela frase do Jorge Luis Borges, “a esperança é o mais sórdido dos sentimentos”, né?

Se você chegou agora, então, eu escrevi no BHY por 10 anos, de 2007 a 2017. Deletei o blog, mudei de vida um pouco e… cá estou.

Quero escrever e quem sabe gravar áudios.